Richel Collazo Cruz, 36 anos, está desde 2014 em Chapada e foi convidado para ser secretário de Saúde para permanecer no município
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Arquivo pessoal |
O
médico cubano Richel Collazo Cruz, de 36 anos, foi surpreendido com a decisão
do governo de Cuba. Ele atende à população desde 2014 em um posto de saúde
no município de Chapada, no norte do RS
— Pra mim, foi uma notícia muito ruim. Eu
ainda estou processando tudo isso. Bateu de frente com todos os planos que nós
tínhamos construído.
Assim que soube do fim do
convênio e da iminência de perder o profissional, o prefeito de Chapada Carlos
Catto (PDT), convidou o médico para ser secretário de saúde da cidade. Cruz
ainda não deu uma resposta ao prefeito, mas disse que pretende aceitar o
convite.
— Se eu não conseguir ficar
como médico, vou aceitar.
Cruz classificou a proposta do
prefeito como "uma grande oferta de trabalho", mas ainda tem
esperança de seguir como médico. Ele quer buscar informações para saber se será
possível continuar no programa, mesmo com o fim do convênio entre os países.
Salário 10 vezes maior no Brasil, mesmo com repasse ao
governo cubano
Perguntado se considerava justo o repasse
de ao governo cubano, Cruz afirmou que todos que saem do país sabem das
condições de trabalho definidas pelo convênio.
— Ninguém vem de Cuba para cá
enganado. Todo mundo sabe o que vai ganhar e a parte com a qual o governo vai
ficar. Quando você chega aqui, vem com a mente de que é isso. Quando a gente vê
essa diferença, de R$ 300 para R$ 3 mil, é uma grande diferença. Esses R$ 3 mil
correspondem a um grande salário lá em Cuba.
Em razão dos benefícios de
alimentação, transporte, moradia, água, luz e internet bancados pela
prefeitura, o médico ainda consegue guardar dinheiro e enviar uma parte aos
familiares que ficaram em Cuba. O seu salário de R$ 300, como médico do
sistema cubano, fica com a sua família.
As conversas com o governo cubano
Segundo Cruz, o governo de Cuba prometeu
não realizar qualquer retaliação aos cubanos que quiserem permanecer por conta
própria no país. Alguns profissionais levaram a família para os locais de
trabalho.
— O governo entrou em contato
conosco e falou que, no caso de pessoas como nós, que estamos com família aqui,
podemos ficar sem problema nenhum. (O governo) não
tomaria nenhuma medida contra nós e nos libera por completo do sistema de saúde
pública de Cuba.
Seu primeiro contrato no Mais Médicos
venceu em 2017. Cruz está com uma prorrogação em vigor, que vai até 2020.
O profissional recebeu a
proposta do governo cubano para trabalhar no Brasil quando estava na Venezuela
e se interessou imediatamente pelo trabalho. Voltou para Cuba, fez cursos de
português e logo embarcou para o Brasil. Desde que chegou ao país, em 2014,
trabalha no mesmo posto de saúde, em Chapada.
— A cooperação cubana na
Venezuela é diferente. Cuba pagava nosso salário e o governo local dava um
auxílio de moradia e alimentação. O que a Venezuela continua dando para Cuba é
petróleo em troca da ajuda médica.
Doenças
O médico conta que deparou, no
Brasil, com doenças que são pouco comuns em Cuba
— Praticamente 50% dos
pacientes que você atende aqui estão relacionados com crise de ansiedade e
depressão.
Cruz também cita febre amarela
e sarampo, doenças que não conheceu em Cuba. A rotina é bem parecida,
entretanto, no caso de moléstias como hipertensão, diabetes e asma.
Família no Brasil
Segundo o médico cubano, os primeiros dias
em Chapada foram "bem difíceis", por não conhecer ninguém e não
conseguir conversar com ninguém. Ele conta que andava pelas ruas sozinho e que
as pessoas ficavam olhando.
— Acho que até gerava uma
desconfiança.
Aos poucos, Cruz foi se
adaptando à cidade. O trabalho no posto de saúde o fez conhecer bastante gente
e a convivência melhorou.
— Foram me enturmando dentro
das suas vidas, me encaixando nas atividades que eram feitas aqui na cidade,
como as festas comunitárias.
Em 2016, Cruz se casou com a
sua atual mulher, a brasileira Graciela Luísa Frühauf. Ele afirma que conheceu
a estudante de Administração de Empresas na academia que frequentava. Eles
almoçavam no mesmo local.
— Um dia, combinamos de sair e saímos.
Estamos juntos até hoje.
O casal tem planos de
conseguir concluir a construção de uma casa e ter filhos.
— A Graci ainda está
estudando, mas a ideia é aumentar a família quando ela terminar a faculdade. (Fonte: Gaucha ZH)
Link: https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2018/11/ninguem-vem-de-la-enganado-diz-medico-cubano-que-trabalha-no-rs-cjokbkhcw0ee301rx4yd62g3x.html
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