Jovem que teve corpo cortado é indiciada por falsa comunicação de crime

Delegado Paulo Cesar Jardim (segurando um papel) durante coletiva à imprensa
A Polícia Civil confirmou, na manhã desta quarta-feira (24), o indiciamento da jovem que relatou lesões no corpo ocorridas no dia 8 deste mês, na Rua Baronesa do Gravataí, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre. Após receber o laudo pericial que sugeriu automutilação ou lesão com o consentimento da vítima, a 1º Delegacia de Polícia da Capital indiciou a mulher, que não teve o nome divulgado, por falsa comunicação de crime. Em caso de condenação, a pena varia de seis meses a um ano de prisão.
O delegado Paulo César Jardim afirmou que irá encaminhar o inquérito até esta quinta-feira (25) para a Justiça. Ele disse que, em princípio, não encontrou motivação política ou por questões de orientação sexual nas lesões, o que foi cogitado inicialmente, já que a garota estava com um adesivo na mochila com um arco-íris e a inscrição "#Ele Não", em referência ao candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL). Para o delegado, a motivação envolve “problemas emocionais” da jovem. Segundo Jardim, a mulher toma medicamentos devido a ataques de pânico e recebe acompanhamento psiquiátrico.
A advogada Gabriela Souza, que defende a jovem, disse que teve acesso ao laudo nesta manhã e que irá se manifestar após a análise do documento. Pelas informações que recebeu, ela comentou que uma das sugestões do IGP condiz com o depoimento da garota, de que ela não esboçou reação. Segundo a advogada, a jovem disse que teve um ataque de pânico e "apagou" durante a agressão. 

12 câmeras analisadas e 20 pessoas ouvidas

O laudo pericial contribuiu para a investigação, que, em primeiro momento, desconfiou do fato de a jovem não querer registrar ocorrência nem prestar depoimento. O caso foi denunciado por uma amiga dela nas redes sociais.
Após a análise de 12 câmeras de segurança, entre as 18h30min e as 20h30min do dia 8 de outubro, não foi detectada em nenhuma delas a presença da jovem e não aparecem eventuais agressões.

Também foram ouvidas 20 pessoas, entre donos de lojas e bares, moradores, síndicos e flanelinhas. Segundo a polícia, nenhuma delas viu a agressão relatada pela jovem.
— Naquela ocasião, estava quente e havia muitas pessoas na rua, inclusive com grande movimento no trânsito. Portanto, seria impossível alguém não ter notado um fato desse tipo — disse o delegado.
O diretor do Departamento Médico-Legal, Luciano Haas, disse que seria praticamente impossível alguém fazer cortes paralelos e contínuos no lugar indicado pela vítima sem que houvesse o consentimento dela. O perito sugere que pode ter ocorrido uma automutilação, como aponta o laudo.(Gaucha ZH)

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