TSE atende Bolsonaro e barra propaganda do PT sobre tortura
Coligação do
PSL entende que o material induz o eleitor a pensar que, se Bolsonaro for
eleito, vai perseguir e torturar eventuais opositores políticosO Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), em decisão liminar (provisória) do ministro Luís
Felipe Salomão, suspendeu a veiculação da peça de propaganda televisiva da
coligação do candidato a presidente da República Fernando
Haddad (PT) que exibe
cenas de tortura e expõe fala do candidato Jair
Bolsonaro (PSL) como
sendo favorável a essa prática.
A decisão atende a
um pedido da coligação do PSL. Os advogados
alegaram que a propaganda induz o eleitor a pensar que, se Bolsonaro for
eleito, vai perseguir e torturar eventuais opositores políticos; dessa forma, a
propaganda, segundo os advogados, estaria colocando medo e acirrando os ânimos
da população promovendo confronto entre apoiadores dos dois candidatos.
O ministro Salomão, na decisão publicada neste sábado (20), afirmou que
a "a peça publicitária impugnada ultrapassou os limites da razoabilidade e
infringiu a legislação eleitoral" e que
"o conteúdo da mídia, diante das cenas de violência, destina-se à faixa
etária acima dos 14 anos, e só poderia ser veiculada, na televisão, após às
21h".
"Observando a sequência das cenas e a imputação formalizada ao
candidato impugnante e seus eleitores/apoiadores, percebo que a peça televisiva
tem mesmo potencial para 'criar, artificialmente, na opinião pública, estados
mentais, emocionais ou passionais'", disse o ministro do TSE, que é também
ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A propaganda resgata um vídeo em que Bolsonaro se diz favorável à
tortura, em um programa de televisão.
— Eu sou favorável a tortura, tu sabe disso — diz Bolsonaro no vídeo
exposto.
A peça também
mostra o deputado federal defendendo a memória do coronel Brilhante Ustra na
votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff ("Pela memória do
coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra").
A peça publicitária da coligação do candidato Fernando
Haddad expõe trechos de cenas de tortura do filme Batismo de Sangue (2006),
dirigido por Helvécio Ratton, e mostra depoimento da escritora Amelinha Teles,
que foi torturada pelo Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra durante a
ditadura militar.
Outra fala de Bolsonaro exposta é uma em que ele fala
sobre morte de inocentes.
"Através do voto, você! Não vai mudar nada nesse
país. Você só vai mudar, infelizmente, quando um dia nós partimos para uma
guerra civil aqui dentro. E fazendo um trabalho que o regime militar não fez,
matando uns 30 mil. Se vai morrer alguns inocentes, tudo bem", diz.
Para o ministro Luís Felipe Salomão, a propaganda
simula uma distopia — conceito que é o oposto da utopia e remete a um lugar ou
um estado imaginário em que há opressão e disfuncionalidade na sociedade.
"A distopia simulada na propaganda, considerando o
cenário conflituoso de polarização e extremismos observado no momento político
atual, pode criar, na opinião pública, estados passionais com potencial para
incitar comportamentos violentos", afirma.
Por apresentar "cenas muito fortes de
tortura", segundo ele, "é forçoso reconhecer a inviabilidade de sua
transmissão" uma vez que a propaganda eleitoral no horário noturno inicia
às 20h30min.
Salomão fixou uma multa de R$ 50 mil a cada
descumprimento da decisão, se a propaganda voltar a ser veiculada.
(Fonte: Gaucha ZH)
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